Crises em crianças com autismo

No mês de Agosto temos a dedicação em abordar as crises que são comuns em crianças com autismo, especialmente quando alguma situação ou pessoa faz com que elas se desregulem emocionalmente. Esta crise é caracterizada geralmente por uma série de comportamentos que também geram estresse e sentimentos de ansiedade nos cuidadores, que muitas vezes não sabem como lidar com elas.

A primeira curiosidade de muitos Pais, tutores e cuidadores vêm acerca da palavra meltdown que é um termo em inglês amplamente usado para definir crises no autismo, que do ponto de vista literal significa “derretimento”. E é justamente o que acontece nesse momento, ocorre uma espécie de colapso na capacidade que a pessoa tem de gerenciar as próprias emoções e sentimentos. Assim, ela acaba agindo impulsivamente e apresentando comportamentos que são difíceis para a família compreender.

De acordo com diversos estudos acerca das famílias com a presença de autistas no Brasil, 57% dos cuidadores de crianças com autismo sentem dificuldade em saber o que fazer ou como lidar com comportamentos desafiadores. O primeiro passo nesse processo é aprender a identificar uma crise na criança com autismo. É disso que falamos agora.

Autismo: birra ou crise?

É comum que o comportamento de crise seja confundido com a birra, especialmente nas primeiras vezes em que ocorre. Mas entender a diferença entre ambos é essencial para criar estratégias e aprender a gerenciar as crises.

De uma forma resumida, a birra é um comportamento que se origina quando há descontentamento com alguma situação. Ela pode ser composta por gritos, choros e outras atitudes. As crises, por outro lado, costumam ocorrer com frequência, especialmente quando a criança no TEA está exposta a vários estímulos sensoriais e não consegue lidar com tanta informação ao mesmo tempo.

A principal diferença entre elas é que a birra é proposital e estratégica, normalmente quando a criança tem o objetivo de conseguir alguma coisa, e é interrompida imediatamente a partir do momento que ela a conquista. Já a crise é a resposta a um limite que foi extrapolado, muitas vezes devido aos distúrbios do processamento sensorial.

Outro detalhe importante é que a birra costuma ter um direcionamento: normalmente voltada a adultos, com objetivo de chamar atenção, enquanto a crise pode ocorrer quando a pessoa está sozinha ou não e independente do local. Diferente da birra, que tende a acabar conforme a criança cresce, a crise pode persistir até a vida adulta.

Como identificar crises no autismo?

Para identificar uma crise no autismo, é necessário estar sempre atento aos sinais e comportamentos da criança. Justamente por essa dificuldade em lidar com as crises, cuidadores muitas vezes sofrem com a possibilidade delas ocorrerem quando não estão por perto. Um meio de se livrar dessa sensação é entender quais comportamentos compõem uma crise e aprender a identificá-las.

Normalmente, essas crises de desregulação emocional são caracterizadas por comportamentos como:

  1. Gritos
  2. Choros
  3. Enjoos
  4. Mal estar
  5. Tremores
  6. Xingamentos
  7. Atirar objetos
  8. Apresentar comportamentos que podem ferir a si mesmo ou outra pessoa

Esses comportamentos muitas vezes são confundidos com birra. Mas o que os difere é justamente o fato de que pessoas no espectro do autismo têm crises pela dificuldade em lidar com muitas informações e sensações de uma só vez.

O que fazer durante a crise no autismo?

As crises nada mais são do que comportamentos que, muitas vezes, têm o sentido de comunicar a outra pessoa como a criança se sente. Como ela não consegue externalizar esse sentimento verbalmente, as reações acabam se transformando em uma crise.

Para lidar com uma crise da melhor maneira, é preciso que a família entenda o comportamento em etapas para ser possível criar estratégias preventivas para evitá-las e lidar melhor com elas quando surgirem, inclusive instruindo outras pessoas que fazem parte da convivência diária com a criança.

Outro passo importante é aprender a lidar com os próprios sentimentos durante os momentos de crise. Cuidar bem de você é cuidar bem da criança!

Crises no autismo: tem como evitar?

Depois de entender mais sobre os comportamentos que compõem as crises no autismo e entender como lidar com eles, chegou a hora de pensar em como evitar as crises. Apesar de parecer difícil, existem algumas estratégias preventivas que podem ajudar nesse processo, como:

Dar previsibilidade à criança sobre as tarefas e atividades que são esperadas dela

Invés de negar, começar a oferecer sugestões à criança que sejam coerentes com a atividade esperada dela.

O Instituto Soraya Couto presta apoio aos pais de autistas para ajudá-los a entender e lidar com as crises por meio de práticas baseadas em evidências. Por meio dos nossos serviços, famílias conseguem ser atendidas em suas necessidades com as crises da criança e também criar estratégias para ajudá-los a lidar melhor com esses momentos.

Soraya Couto

Diretora Técnica ISC

Psicoterapeuta especialista em ABA

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